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Franquias regionais líderes investem no eixo Rio-SP

DCI – Camila Abud – 30/12/14

Enquanto grandes redes varejistas avançam em sua expansão rumo aos mercados do Norte e Nordeste, redes de franquias de sucesso regional iniciam o caminho inverso: conquistar o eixo Rio-SP.

Fundada em Gramado (RS), a rede Caracol Chocolates resolveu disputar o gosto do freguês em outros estados. Com enfoque em produtos artesanais, a empresa é exemplo de marcas criadas fora do eixo Rio-São Paulo que acreditam na possibilidade de brigar por empreendedores em outros estados. Há cerca de um ano no franchising a Caracol, criada há 30 anos, hoje conta com 24 lojas. A previsão é terminar 2015 com 35 ou 40 lojas em operação em todo o País. Este mês, a empresa inaugurou uma unidade no AlphaShopping, em Alphaville, no município de Barueri (SP). As próximas lojas serão abertas no começo de 2015, em Recife (PE) e Araraquara (SP). Mas o plano é ousado.

Ao DCI, o gerente comercial da rede, Vanderlei Rodrigues dos Santos, comentou que “ao primar por no mínimo 36% de cacau em todos os produtos, além de 0% de gordura trans”, a marca viu que era possível disputar o mercado com outros concorrentes. A bandeira percebeu o apelo de fabricar chocolates na Serra Gaúcha, pois Gramado conta com clima similar ao europeu, com infraestrutura hoteleira e de lazer robusta, considerada como as regiões dos Alpes Suíços.

Desta maneira, a empresa não se intimidou na disputa com redes de peso como Cacau Show, Ofner, Kopenhagen, além de doçarias como a Amor aos Pedaços. Com nove franquias, sendo três na região gaúcha (Canoas, Novo Hamburgo e Passo Fundo), a empresa ainda tem cinco lojas próprias no Sul, sendo quatro em Gramado e uma em Canela. Em São Paulo, além da capital e de Barueri, também há franquias em Ribeirão Preto e Santo André, além de lojas licenciadas em Santos e São Vicente. Caldas Novas (GO) também tem uma unidade, além dos aeroportos Salgado Filho (RS), Confins (MG), Foz do Iguaçu e Curitiba (PR) e Palmas (TO). “O investimento para a abertura de uma unidade é em torno de R$ 270 mil e procuramos franqueados com perfil empreendedor”, disse Santos.

Rede nordestina

Fundado em Recife (PE) em 1998, o Grupo Bonaparte é outro exemplo de empresa que mudou o estigma ao migrar as franquias para outras regiões. Partindo do Nordeste para o restante do País, em quase duas décadas de atuação, a franqueadora se considera como a maior rede nordestina no ramo de franquias, presente em todo território nacional.

Cada vez mais gourmet, as operações das bandeiras Bonaparte, Donatário, Monalisa e Espaço Árabe já receberam premiações como o Prêmio de Excelência em Franchising, oferecido pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Segundo o diretor e sócio do Grupo Bonaparte, Leonardo Lamartine, de oito anos para cá, a empresa cresceu junto com o Produto Interno Bruto (PIB) da região e passou a chamar a atenção do mercado. “Começamos com seis franqueados. Hoje são mais de 50, sendo agora o foco crescer no sudeste e em outros estados do País”, disse ele. Ainda de acordo com Lamartine, apesar de o Sudeste ter muitas oportunidades, a ocupação é realmente bem mais concorrida. O executivo ressaltou que outros espaços para a expansão devem ser analisados, assim como os hábitos dos clientes. “Brasília tem sido polo do setor. O Pará também. A cidade como Juazeiro do Norte (CE), com 260 mil habitantes, já tem mais de 10 revendas. É região de romaria e cerca de 3 milhões de pessoas circulam por ano”, comentou

Paletas baianas

Exemplo de indústria de sorvetes que deu certo no ramo de franquias é a baiana, com nome gringo, Helado Monterrey. A empresa promete chacoalhar o segmento de paletas mexicanas, no auge da moda. Após iniciar a trajetória em Salvador, a bandeira hoje tem sede no município Lauro de Freitas. Para o segundo semestre de 2015, a meta é ampliar a fábrica com maquinário importado.

De acordo com Ana Vecchi, sócia da consultoria de negócios Vecchi Ancona, que monitora a gestão de franquias da marca, a empresa previa inaugurar neste final de ano quiosques no Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba. Ainda estão nos planos atuar em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Brasília e Goiás. Recentemente, a marca apostou as fichas em Belo Horizonte, com quiosques nos shoppings BH, Diamond Mall, Cidade, Pátio Savassi e Estação BH.

Fundada em setembro de 2013, a Helado Monterrey vendeu 1 milhão de picolés no primeiro semestre do ano passdo. Este ano, a expectativa é fechar com cerca de 5 milhões de paletas vendidas. A média é R$ 6 a R$ 8, dependendo do tipo do picolé, feitos com frutas direto do produtor rural, sem corantes.

Os sabores fogem dos tradicionais de sorvetes, como o brigadeiro de panela usado como recheio nos sabores de chocolate e coco. Lembra o sucesso da rede Los Paleteros, que tem 25 sabores e opções como a de recheio de morango com leite condensado e brigadeiro. Só no primeiro semestre de 2014, a marca faturou R$ 22 milhões.

Número de interessados

No caso da Helado Monterrey, o reflexo do sucesso do negócio está na expectativa de faturar em 2015 cerca de R$ 100 milhões e chegar a 100 unidades 60 lojas próprias e 40 franquias. A empresa tem revendas em dezenas de cidades e impressiona o número de pessoas interessadas em montar um negócio, declarou Ana Vecchi. Por dia, a rede recebe mais de 4 mil interessados na franquia.

Com relação à abertura em regiões como São Paulo e Rio, ela acredita que se for necessária a adaptação de algum produto, dependendo do perfil do público, não há porque isso ser descartado. “É a mesma coisa quando o empresário vai internacionalizar a marca”.

A questão das paletas, para ela, não é sucesso só por ser sorvete gourmet saudável, com frutas frescas. “Há de se entender também o processo de vendas da Helado Monterrey, com carretilhas e quiosques. São formatos adaptados a qualquer lugar. Mas já há demanda de lojas de rua. E o foco será maior no Centro-Oeste e no Sul”.