Início Notícias Gigantes das franquias

Gigantes das franquias

Diário do Comércio – Karina Lignelli – 06/05
 
A receita de sucesso de dois empreendedores: um que opera apenas uma marca e outro que trabalha com várias bandeiras.

Imagine ser dono de uma loja franqueada em Guarulhos que é a que mais fatura giobalmenteemtoda a rede. Ou então, administrar e operar 26 unidades, mas de oito marcas, culturasevaíores diferentes e com bons resultados. O perfil de empreendedores como Jorge Aguirre, dono de 40 lojas da Pizza Hut, e de Norberto Lichtenstein, dono de lojas das marca sHering, Arezzo, Swarovski, Authentic Feet, Puket, PUC, Hering Kidse Magic Feet, dois cases apresentados no “lsCongresso Internacional de Franchising” ABF (Associação Brasileira de Franchising), realizado no fim de abril, representam urna tendência que se fortalece cada vez mais no mercado: a de franqueados que seguem as tendências internacionais e apostam nas operações multilojas ou multibandeiras.

Para se ter uma ideia, só nos Estados Unidos, considerado o “país das franquias”, 54% dos franqueados têm perfil multiloja,e 10%, multi bandeira, segundo André Friedheim, diretor internacional da ABF e moderador do painel “Franqueados de Sucesso”. “A tendência vem crescendo devido à profissionalização cada vez maior dos franqueados, e por estratégia das próprias redes, como forma de preservarmargens de lucro e garantir ganhos de escala. Assim, custo diminui, e o público se diversifica”, explicou.

Engenheiro formado pela Universidade de São Paulo (USP), Norberto Lichtenstein, que trabalha com as oito marcas “porque descobriu que não é bom depender de uma só para tocar os negócios”, primeiro atuou do “outro lado”: chegou a implantar o sistema de franchising na confecção da família, do ramo infantil, que se tornou a rede Caso a Caso. Até perceberque não tinha a estrutura adequada para mantê-la. “Achei que a vida era melhorcomofranqueado: não era preciso montar lojas, nem construir marca”, contou, lembrando do início, há 15 anos, quando decidiu trabaIharcoma Hering.

Mas trabalhou bastante para isso, e a boa experiência levou-o a apostar também na marca PUC (de confecção infantil), da qual foi o primeiro franqueado. Abriu “umas seis lojas” e, com isso, viu oportunidade de abrir “mais umas três da Hering”. “Procurei alternativas interessantes: propusserfranqueadoda Puket.e também da Swarovski que não tinha franquias em nenhum lugar do mundo”, afirmou Lichtenstein. Para o negócio dar certo, o empresário conta que sempre aplica em uma loja o que aprende na outra, mesmo que sejam de marcas diferentes.

Ele também mandou um recado aos franqueadores. “Os franqueados são o maior patrimônio de uma rede, e a questão éescolher bem e confiar. O franqueador também tem que saber que (o franqueado) não é empregado, mas parceiro. Portanto, é preciso aumentar os canais de participação, ou então, é um ativo que se está deixando de lado. Por isso que eu digo: o ideal é abrir lojas não nas franquias que mais vendem, mas nas que dão mais retorno para a gente. Assim, todos ganham”, completou.

A Pizza Hut, que hoje é da Yum! Brands, quase encerrou suas operações no Brasil no fim dos anos 1990, quando ainda era da PepsiCo Restaurantes International. Mas foi jorge Aguirre, quetinha exercido funções executivas em empresas como Bob’s e McDonal’d, que hoje é o franqueado multiloja da rede responsável São Paulo – cujo faturamento responde por 50% do total da Pizza Hut no Brasil.

“Em janeiro de 1999, com o real desvalorizado em 35%, ninguém a credita vaque ia dar certo. Mas os (atuais) sócios americanos me convidaram a transformar fracasso em sucesso, e a Yum! foi bem parceira. Comecei com capital quase zero, mas com o bom pia nejamento do fluxo de caixa, e a revisão d o cardá pi o e da forma de atendimento, conseguimos fazer um turnaround (virada), que deu certo no terceiro ano da operação. Hoje, só a unidade do aeroporto de Guarulhos é a que mais fatura no mundoentreas40 mil lojasda Yum! Brands. E em qualquer moeda”, conta, lembrando queaqualidadenor ecruta- mento de mão de obra e treinamento transformaram sua operação na 5ã melhorem 120 países.

E não é só isso: segundo Aguirre, as 40 lojas crescem na fa ixa d os dois dígitos/a no, e agora a rede deve abrir mais quatro nas áreas de embarque/desembarque dos aeroportos de Cumbica e Viracopos (duasem cada), uma em Congonhas, e uma em Brasília. “Vislumbramos uma operação gigantesca, mas que era restrita aosdesafiosfinanceiros. Mas optamos por colocara mão na massa efocar na qualidade da operação. Até agora deu certo”, comemorou o empresário.

Entraves
 
De acordo com André Friedheim, hoje, franqueados brasileiros com esse perfil que vai além do mero “encostar a barriga no balcão”, têm atraído até o interesse defundosde investimento. “A única premissa que dificulta a entrada de capital é o nosso mercado mesmo, pela alta carga tributária inclusive para os próprios empreendedores já que, para fechar as contas, muitos encerram as atividades antes de o ano acabar para não serem desenquadrados do Simples, ou os contratos das redes com os franqueados não permitem a entrada de novos sócios. Mas o franqueado profissional têm aproveitado cada vez mais as oportunidades”, concluiu.