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Franquias 100% candangas

Correio Braziliense – Flávia Maia – 12/01

Brasília tornou-se uma cidade produtora de marcas e franquias. Se, antes, a capital era polo de atração de redes nacionais e internacionais, nos últimos sete anos, o mercado local tem estimulado a criação de serviços e produtos próprios, alguns com expansão além das fronteiras do Distrito Federal. Segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), o DF possui mais de 53% das franquias nascidas no território do Centro-Oeste são 17 das 32 existentes. No Brasil, a unidade ocupa a 8a posição no ranking. As marcas brasilienses oferecem desde o serviço de alimentação e reparos, passando por cursos profissionalizantes e até lojas de beleza, e são vendidas por valores que variam de R$ 31,5 mil a R$ 3,12 milhões. O faturamento gerado com elas no DF é de R$ 9,2 bilhões anuais nesse montante, estão todas as franquias, não somente as locais.

A comercial da 315 Sul abriga a “matriz” da Esmalteria Brasil hoje uma rede, com sete lojas no DF e no Ceará, além de 44 pedidos de empresários interessados em se tornarem franqueados. A proprietária da marca é Andréa Geiza, 41 anos. Ela conta que deixou o ramo imobiliário para apostar em beleza. “Fiz uma pesquisa de mercado e vi que esse segmento crescia, em média, 10% no Brasil. É promissor”, avalia a empreendera, que escolheu a dedo o endereço do estabelecimento. “Pensei que as clientes do estúdio de pilates (vizinho da loja) seriam as primeiras a frequentarem a esmalteria e foi o que aconteceu”, relata.

Andréa revela que, na primeira semana de funcionamento da loja, faturou apenas R$ 90. “Nos dois primeiros meses, o estabelecimento ficou bem vazio. Então, eu descobri que existia um boato que fazer unha em esmalteria era caro. Logo, imprimi 60 mil panfletos com os preços e distribui em vários pontos”, comenta. Com o negócio consolidado, em 2014, Andréa contratou uma consultoria para formatar a esmalteria como franquia. “Senti que era hora de expandir o negócio, mas eu não teria como cuidar de tantas lojas. Por isso, Andréa Geiza é dona da marca Esmalteria Brasil: para não errar, ela pesquisou bastante antes de entrar no ramo optei pela franquia. Em junho, fomos à Feira da ABF e o nosso estande foi visitado por 350 interessados. Atualmente, recebo de 10 a 15 e-mails por dia de investidores”, comemora. A franquia da Esmalteria Brasil é vendida por R$ 85 mil. Além desse valor, o franqueado paga uma taxa de mensal de royaltíes e outra para publicidade.

Boom

Até o início da década de 2000, a única franquia local com fôlego nacional era a do Giraffas. O grupo consolidou-se como um dos maiores do país e, hoje, conta com 395 estabelecimentos. O boom de franquias do DF começou em 2007, com o surgimento de marcas como a lavanderia Bonasecco e o restaurante Capital Steak House. Atualmente, em toda a capital, são 17 redes, número expressivo na Região Centro-Oeste. Goiás tem 11 franquias, Mato Grosso do Sul, 4, e nenhuma em Mato Grosso. “Podemos explicar esse destaque no DF por causa do varejo forte. Como a economia é quase toda centrada no comércio, não tem indústria, o empresário tem perfil inovador”, explica Álvaro Silveira Júnior, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas do Distrito Federal.

Para Cláudio Miccieli, diretor regional da ABF Centro-Oeste, a renda da cidade e a alta taxa de sobrevivência dos empreendimentos locais 80% das empresas que abrem não fecham as portas nos dois primeiros anos-contribuem para o destaque do DF no cenário nacional. “Brasília é uma amostra do Brasil em sua composição, com pessoas de todas as regiões. Além disso, tem renda per capita elevada e bem distribuída”, justifica.

Em crescimento

As franquias se fortalecem cada vez mais no Brasil. Os empresários viram no modelo uma maneira de expandir as empresas sem ter que usar um capital tão alto. “No Brasil, como os juros são elevados, é complicado um empresário crescer usando empréstimos bancários. As franquias surgem como uma oportunidade de minimizar essa situação”, analisa Cláudio Miccieli, da ABF. O resultado é um crescimento exponencial do segmento. No país, de 2003 para 2013, o faturamento praticamente quadruplicou pulou de R$ 29 bilhões para R$ 115 bilhões. Em 2014, mesmo sendo um ano de economia fragilizada, o setor cresceu 6%, menos que os 10% esperados, mas acima de outros segmentos, como indústria e agricultura.

O estado de São Paulo é o principal fornecedor de franquias nacionais: são 560 marcas registradas na ABF. Em seguida, vem o Rio de Janeiro, com 125. O empresário Sidney Bezerra tinha uma franquia paulista de cursos profissionalizantes e aproveitou a experiência adquiridapara abrir a própria rede. Atualmente, a Concretta Escola de Construção tem 26 unidades em operação em 19 estados brasileiros. Outras 15 devem ser inauguradas até maio de 2015. “Uma reclamação constante entre os empregadores da construção civil era a falta de mão de obra qualificada. Como tínhamos experiência na área de educação, resolvemos abrir essa escola. Já iniciamos o negócio como franquia e deu certo”, afirma.

Variação de preços de franquias do DF

Ri 31,5 mil a R$ 3,12 milhões

53,1%

Das franquias criadas no Centro-Oeste são do DF; 52 redes de franquias atuam no DF, 17 são locais

R$ 9,226 bilhões

Faturamento das franquias no DF

R$ 115.582 bilhões

Faturamento das franquias no Brasil

Fonte: ABF