Início Notícias Desafios do empoderamento feminino nos negócios são foco do 3º Simpósio Mulheres do Franchising

Desafios do empoderamento feminino nos negócios são foco do 3º Simpósio Mulheres do Franchising


Cristina Franco: “Meus pais me ensinaram de uma maneira muito simples, porque não tinham conhecimento intelectual: ‘Você pode, você consegue’, sem ser uma questão de gênero”
Além de questões ligadas a gestão, empreendedorismo, governança corporativa, evento trouxe os resultados da pesquisa exclusiva “Liderança Feminina no Franchising”

Sob o tema “Empoderamento das Mulheres no Mundo dos Negócios”, a ABF realizou nesta quarta-feira (19/8) o 3º Simpósio Mulheres do Franchising, no qual foram divulgados os resultados da pesquisa exclusiva “Liderança Feminina no Franchising”. Organizado pelo Comitê Mulheres do Franchising, o encontro reuniu mais de 100 pessoas no Centro de Capacitação e Eventos da entidade.

Ângela Manzoni: importäncia da equidade entre homens e mulheres

Mestre de cerimônias do evento, a diretora de Educação da ABF Ângela Manzoni destacou a importância de se buscar a equidade entre homens e mulheres nas organizações. Cristina Franco, presidente da Associação, abriu o Simpósio narrando sua trajetória de vida. Atleta de natação infanto-juvenil, Cristina começou bem cedo a trabalhar, legado do pai, homem inspirador, ex-jogador de futebol, centroavante do América Futebol Clube de São José do Rio Preto. Formada em Serviço Social, foi estagiária na extinta Febem e também do professor Paulo Freire, que a fez se apaixonar pela educação, e de empresas privadas, onde chegou a executiva de Recursos Humanos até tornar-se empreendedora, sócia-fundadora da rede Bit Company e hoje CEO Brasil da 5àsec.

“Na natação você começa muito cedo a lidar com a vitória e a derrota, lidar com a frustração”. “Mesmo sendo filha única, meus pais tiveram o desprendimento de deixar eu viajar com o time, uma garota de sete anos, deixar ir à vida, enfrentar o desconhecido. Isso tudo vai torneando o seu caráter. Meus pais me ensinaram de uma maneira muito simples, porque não tinham conhecimento intelectual: ‘Você pode, você consegue’, sem ser uma questão de gênero”, observou. E referindo-se ao franchising e ao momento econômico e político vivido no País, a executiva completou:  “Hoje somos um mercado que fecha esse semestre com 11,2% de crescimento. O Brasil é outro, nós podemos mais e nós mulheres fazemos a diferença”.

Claudio Tieghi e Eleine Bélaváry apresentam os resultados da pesquisa

Os resultados da mais recente pesquisa realizada pela ABF foram apresentados por Claudio Tieghi, diretor de Inteligência de Mercado, Relacionamento e Sustentabilidade e Eleine Bélaváry, membro do Comitê Mulheres do Franchising e franqueada Ecojardim Morumbi.

De acordo com o estudo, 46% das empresas franqueadoras não possuem mulheres em cargo executivo, enquanto em 12% delas a liderança é exclusivamente feminina. Dentre as franqueadoras pesquisadas, 33% das colaboradoras estão em função executiva, 52% em cargo gerencial, 54% de supervisão, 36% no Conselho e a maioria, 60%, em outras funções. Esses percentuais excluem colaboradores das unidades próprias e franqueadas.

“Em geral as mulheres têm maior formação e preparo do que os homens, isso é um indicador de gestão. É superimportante que o franchising coloque na pauta da gestão a diversidade”, defendeu Tieghi.

Segundo Eleine, especialistas afirmam que a evolução da diversidade de gênero deve levar cerca de 85 anos. “Mas é muito tempo! Acho que podemos fazer a diferença desde já para que esse tempo seja encurtado”, afirmou.

Carla Sarni e Rosangela Manfredini: Sorridents tem 60% de direção feminina e salários iguais

O tema “Empoderamento da Mulher” foi detalhado no case da Sorridents – rede atualmente com 200 unidades em 19 estados brasileiros, 60% da direção formada por mulheres e salários iguais – por Carla Sarni, franqueadora da marca, e Rosangela Manfredini, gerente de Recursos Humanos. A gestora está à frente de um projeto de empoderamento das colaboradoras da rede denominado Coaching para Mulheres Empreendedoras. “Primeiro é preciso entender o empreendedorismo, com a posição humilde de aprender e esta é uma característica feminina: abrir-se a novas possibilidades, sem hesitar, mas antes de fazer é preciso acreditar, depois, fazer coaching”, disse. Ainda segundo Rosângela, as mulheres sempre demonstraram maior interesse que os homens e existe um canal aberto para escuta ativa a elas dentro da rede.

Carla falou sobre como as mulheres lidam com os “nãos” da vida. “Todos os dias recebemos ‘nãos’ e o desafio é transformá-los em ‘sim’. A determinação é preponderante para alcançarmos nossos sonhos, é preponderante para as mulheres”, enfatizou.

 Rita Poli e Rosely Albuquerque falam dos “Desafios da gestão”

Os “Desafios da Gestão: Franqueadora e multifranqueada” foram debatidos no painel mediado por Lyana Bittencourt, membro do Comitê Mulheres do Franchising e diretora de Marketing e Desenvolvimento do Grupo Bittencourt, por Rosely Albuquerque, franqueada do Grupo Boticário e Rita Poli, membro do Comitê e fundadora da rede Big X Picanha.

Para Rosely, “não importa o que você fizer, mas sim fazer o que for possível e o melhor que puder” e “quanto mais conhecimento se tem, mais poder se detém”.

Para lidar num mercado extremamente masculino com grandes concorrentes, Rita nunca enxergou o gênero como barreira. Segundo ela, era uma questão vista com naturalidade, sem diferenças.  Como dicas para empoderamento das mulheres, a franqueadora ressalta que é preciso “se conhecer ,saber o que quer, ser perseverante, ser perseverante e ser perseverante”.  Já Roseli entende que é necesserário ter “gratidão, amor pela vida e confiar mais em si”.

Juliana Munemori e Lyana Bittencourt: a importäncia dos conselhos no franchising

Governança corporativa
No talk show “Governança Corporativa e atuação das mulheres em Conselhos” Lyana Bittencourt entrevistou Juliana Munemori, presidente do Comitê de Estratégia do Conselho da Arezzo CO e membro do Conselho da UATT. Segundo Juliana, é possível para empresas médias manterem um conselho. “O importante é que os gestores tenham um fórum para discutirem de peito aberto. É saudável, requer humildade. Existindo a vontade, não importa o dinheiro, o porte [da empresa]”, defendeu. “Na liderança solitária, o Conselho pode contribuir muito”, completou Lyana.

Sandra Brandão: “mulheres são líderes ou estão líderes”

Sandra Brandão, coordenadora do Comitê Mulheres do Franchising e sócia do escritório Brandão, Oliveira Gabrielli Advogados tratou de “Habilidades Técnicas e Autoconhecimento para Liderar”. Para ela, a questão que deve ser levantada é se “as mulheres são líderes ou estão lideres”. Com base no livro The Confidence Code, que traz entrevistas com líderes femininas, Sandra explicou que a liderança passa por cinco itens: se autoconhecer, saber onde se quer chegar, conectar-se, engajar-se e energizar-se.

O tema está estruturado em um novo curso desenvolvido pela ABF para mulheres: Liderança e Finanças para Mulheres do Franchising.

Lucy Onodera: entender que os erros fazem crescer

No case “Segredos e estratégias da mulher executiva”, Lucy Onodera, sócia-diretora da Onodera Estética, detalhou como assumiu ao lado da mãe, fundadora da rede, o papel de liderança. “Autoconhecimento é fundamental”, afirma a executiva que desde cedo investiu em conhecimento. Para ela, este envolve também “capacitação, networking e benchmarking”. Ainda segundo Lucy, as tomadas de decisão exigem embasamento e capacidade de assumir os erros. “Parei de me culpar tanto pelos erros e entender que isto me faz crescer”, observou.

Raphael Chagas e o “Mapa da Transformação”

Todo o conteúdo tratado no Simpósio foi sintetizado no “Mapa da Transformação” criado por Raphael Chagas, consultor de Desenvolvimento Humano da Uniko Consultoria. Por meio do mapa, o especialista mostrou mulheres multifacetadas e guerreiras. Segundo ele, o empoderamento está na equidade da mulher nos negócios, cujo objetivo maior é a transformação, e  traz em si valores como crescimento, responsabilidade e identidade.

Depoimentos:

Confira as opiniões de algumas participantes a respeito do Simpósio e da pesquisa divulgada:

“É muito difícil a inserção da mulher em cargos muito altos. Me chamou a atenção a segurança das mulheres em cargos executivos, sem ter medo da concorrência masculina. Isso empodera mesmo. Por ser mulher, negra, há um desafio ainda maior e isso que foi apresentado é muito motivador. Elas nos mostram que existem caminhos, que nós temos possibilidades de chegar lá”.
Juliene Santos, área de Expansão da Seletti

“Foi muito valioso o compartilhamento das experiências pessoais. Eu sempre dei muito poder às mulheres e vejo que devo dar também poder aos homens”.
Denise Gonçalves, diretora da Editora Página 8

“A pesquisa evidencia várias diferenças e contradições. O tema é uma semente para que se continue a mostrar contradições e incoerências que existem entre discurso e prática. É importante mostrar para transformar e evidenciar que o equilíbrio entre homens e mulheres na liderança traz lucro”.
Joyce Moysés, jornalista

Fotos: Keiny Andrade / Depoimentos: Arquivo ABF e Reprodução Programa Vida Melhor